Opinião

Lula, Serra e o maná para as montadoras



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de São Paulo, José Serra, deram um belo presente à indústria automobilística em tempos de crise. Juntos, colocaram R$ 8 bilhões para os bancos das montadoras a fim de facilitar empréstimos para aquisições. Na mídia, já tem montadora falando do "subsídio" dos governos federal e estadual.


Há argumentos que justificam a ajuda numa hora de crise econômica. A indústria automobilística tem uma cadeia produtiva longa. Trocando em miúdos: emprega bastante. E emprega uma base de trabalhadores muito ligada a Lula e com a qual o tucano Serra deseja estabelecer conexões.


O presidente deixará o Palácio do Planalto em 2010 e seguirá para São Bernardo do Campo. O governador pretende passar do Palácio dos Bandeirantes para o gabinete de Lula em Brasília. E vamos ser sinceros: as montadoras são boas financiadoras de campanha.


Muito bem

E contrapartidas em benefício do consumidor? Ah, vão dizer que os juros serão mais camaradas. Já seriam camaradas porque há uma crise danada no mundo e a demanda por carros caiu. As vendas já entraram em declínio.


O governo deveria exigir duas contrapartidas: preço menor e mais segurança. Quem gosta de carros tem uma dificuldade imensa na hora de adquirir um modelo no Brasil. São carroças quando comparadas aos veículos dos mercados americano e europeu.


A reestilização do Gol da Volkswagen é um vexame. Maquiagem pura. E o Punto da Fiat, lançado aqui anos depois de rodar pela Itália? Beleza de estilo, tristeza de mecânica --um motor ruim e antiquado. E a Ford? Demorou trocentos anos para lançar um Focus no Brasil que fosse o mesmo dos mercados dos países ricos. E cobra uma nota por "acessórios" em grupo.


Peugeot, Citroën, coreanas, japonesas também têm os seus defeitos. A Honda, quando o Civic era uma novidade, tratava o consumidor a pontapés. As concessionárias diziam: "Se quiser, o preço é este e não tem conversa. Vá comprar outro".


Aliás, o preço de um carro no Brasil é um acinte na comparação com modelos similares e muito melhores em outros países. Itens de segurança, então, parecem uma miragem. São caríssimos. As montadoras enfiam a faca por airbags, freios abs e outros equipamentos. O que existe de camionete, carro de menor estabilidade em curvas do que automóveis de passeio, rodando no Brasil sem airbag é simplesmente um crime.


O custo-benefício é um desastre para o consumidor e uma alegria para a montadora --basta ver como são lucrativas aqui e deficitárias lá fora. Lula e Serra perderam uma excelente oportunidade de pedir mais respeito ao consumidor. Um respeito que ajudaria a salvar vidas.


Fonte: Kennedy Alencar, 41, colunista da Folha Online:





FHC quer que PSDB defina nome para sucessão presidencial já em 2009



O presidente de honra do PSDB e ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, defendeu neste sábado (22) que o partido apresente à sociedade já no ano que vem um único candidato à sucessão do petista Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, em 2010. Ele não descarta a convenção como mecanismo de escolha.


"É cedo para definir [esse nome] agora, mas não é cedo para iniciarmos as conversas entre nós. E não temos medo. Se houver divisão, fazemos a convenção. Mas [o partido] tem de ter um candidato. Caso contrário, as forças da sociedade não têm por onde ecoar, não têm como se exprimir porque não há outro lado. Nós temos de apresentar o outro lado", disse.


O ex-presidente, no entanto, não quis citar nomes. "Nós temos vários líderes com essa capacidade de despertar entusiasmo nos nossos militantes. Vamos convergir e, no momento que isso acontecer, podem contar comigo. Essa é a única coisa que eu quero fazer -ajudar a formar essa visão que incorpore alguém", disse ele em São Paulo, em evento para uma platéia de 400 pessoas, entre prefeitos e vereadores eleitos do PSDB no Estado.


Antes de iniciar seu discurso, FHC fez questão de avisar que havia jantado com o governador de São Paulo, José Serra, na madrugada anterior.


O paulista trava disputa interna com o colega mineiro Aécio Neves pelo direito de concorrer à Presidência pela chapa tucana. O ex-presidente também deve se reunir com Aécio nos próximos dias.


À tarde, ao chegar ao evento, Serra foi saudado como "futuro presidente da República", mas não quis falar de eleição.

Fonte: Folha Online

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